Presidente Bolsonaro chega à Rússia para cumprir agenda e encontro com Putin

Apesar da forte pressão diplomática de Washington, a visita de três dias do presidente brasileiro Jair Bolsonaro a Moscou começa hoje terça-feira, 15 de fevereiro.

Porém, o presidente brasileiro não tem eventos oficiais previstos para esta terça-feira (15) na capital Moscou.

A decisão de não cancelar a visita em meio a um confronto entre a Rússia e o Ocidente em uma situação de escalada militar em torno da Ucrânia levanta muitas questões. 

Especialistas acreditam que Bolsonaro está tentando superar seu próprio isolamento político antes das eleições gerais do Brasil em outubro.

A imprensa francesa nota o imprevisto da escolha do momento para a visita do presidente brasileiro. Le Point escreve que Bolsonaro não ouviu os avisos dos EUA sobre o possível início das hostilidades da Rússia contra a Ucrânia durante a visita. 

Le Parisien e Le Figaro acreditam que os EUA temem que “a visita seja tomada como um sinal de apoio ao presidente russo”. Por sua vez, o L’Humanité escreve que Bolsonaro vai a Moscou para “quebrar o isolamento”. 

Mas o jornal não fala do isolamento da Rússia, mas do isolamento diplomático do presidente Jair Bolsonaro de extrema direita do Brasil. 

Criticado internacionalmente por acelerar o desmatamento na Amazônia e políticas de combate à pandemia de COVID-19, bem como internamente por causa dos extremamente “maus resultados” do seu governo nos três anos, Bolsonaro tenta fortalecer seu status de estadista dessa maneira.

Olhando para as próximas eleições presidenciais do Brasil, ele toma uma posição “um contra todos, o que deve lisonjear seu eleitorado ultranacionalista”, escreve L’Humanité. 

A visita programada de Bolsonaro a Budapeste no dia 17 de fevereiro, a convite de “seu aliado”, o primeiro-ministro húngaro Viktor Orban, também se enquadra nessa estratégia.

A  imprensa francesa também acredita que a associação de Bolsonaro com líderes autoritários como Putin e Orbán permitirá que o presidente brasileiro bajule seu eleitorado radical, além de atender às expectativas de um poderoso lobby do agronegócio. O agronegócio é uma área tradicional de cooperação entre os dois países. 

Os fertilizantes agrícolas russos respondem por quase 70% dos fertilizantes usados ​​no Brasil. A Rússia também compra carne bovina e de aves, soja, café e amendoim. Mas essas compras representam apenas 0,74% das exportações brasileiras. De acordo com dados de 2021, o volume de negócios entre a Rússia e o Brasil foi de cerca de US$ 7 bilhões.